domingo, 16 de fevereiro de 2014

DESEJO E O PRAZER NO CINEMA: TABUS E PRECONCEITOS


Registra-se a cada ano o aumento de filmes com discussões abertas acerca do desejo, mas antes mesmo de um filme com cenas de sexo estrear, é comum ler informações que dão conta do seu caráter "polêmico". E se por acaso o enredo envolver relações homo afetivas ou a liberação da mulher na cama a "polêmica" fica ainda maior.

Em uma entrevista ao jornal O TEMPO o professor de cinema Ataídes Braga falou sobre do conservadorismo por detrás do cinema e suas implicações no produção final de um filme.

Segundo Ataídes, tanto cinema brasileiro quanto o mundial ainda tem tabus quando o assunto é sexo. Ele diz que os "vetos" começam nos estúdios e até as pequenas produções se policiam quanto às cenas mais "explícitas". Ele exemplifica com o filme "Charlie Countryman" que após ser exibido em Sundance voltou à sala de edição para eliminar a cena que Shia LaBeouf faz sexo oral em Evan Rachel Wood por considerá-la "incômoda". Mas, quando a situação é contrária (uma mulher faz sexo oral em homem) isso já não é tão comum.

" Isso é uma censura clara. A mulher não pode ter o controle do seu corpo? Não pode gostar de sexo? Mesmo em produções dirigidas por mulheres, o que vemos ainda é muito conservador." opina Ataídes que acredita que a sétima arte precisa quebrar mais convenções e ter uma pitada mais Pasoloni (diretor italiano à frente de produções como "Salò" ou os 120 dias de Sodoma").

No cinema brasileiro Ataídes Braga cita o trabalho realizado pelo cinema pernambucano e cita o filme "Tatuagem": um importante retrato da década de 70 que retrata o amor livre e quebra as convenções por meio da arte.

Para Ataídes, se o cinema é desejo, é preciso dar vazão e aposta no filme "Ninfomaníaca" de Lars Von Trier, que estreou agora em janeiro." Von Trier aposta no desejo da personagem e rompe paradigmas", diz Ataíde.

A verdade é que o preconceito está velado até mesmo na sétima arte. Diretores de cinema e estúdios em geral produzem aquilo que será mais bem aceito pela maioria do público,  é o domínio do capital sobre a arte. Todos sabemos que filmes com cenas de sexo entre casais heterossexuais são mais bem aceitos do que filmes com casais homossexuais, e que o prazer feminino ainda é tabu tanto para homens quanto para mulheres. Ou seja, toda essa censura no cinema não é nada mais do que um reflexo de uma sociedade machista, patriarcal e preconceituosa.


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